Desigualdade salarial entre homens e mulheres prejudica crescimento do país

Não é de hoje que a diferença entre salários de homens e mulheres chama a atenção no Brasil. Talvez o que muita gente não saiba é a dimensão do impacto provocado por esta questão social.


Neste Dia Internacional da Mulher, uma reportagem do jornal Folha de São Paulo destacou um estudo que calculou como o preconceito de gênero no mercado de trabalho compromete a geração de riqueza em cidades brasileiras.


A ideia de realizar o estudo surgiu quando o estatístico Rafael Ribeiro dos Santos se viu inconformado com a situação de sua esposa, a analista de logística Laíse Ribeiro, que mesmo capacitada ganhava menos que ele.


Para calcular a discriminação contra a mulher no mercado de trabalho em três mil municípios brasileiros, Rafael utilizou a Relação Anual de Informações Sociais (Rais). Em sua pesquisa, o estatístico isolou o impacto de outros fatores que influenciam os salários, como escolaridade, tempo de empresa, raça e região. Assim, foi possível avaliar sem distorções o quanto a questão do gênero impacta na desigualdade salarial.


Posteriormente, o pesquisador analisou a relação dessa variável (diferença de salários) com os movimentos do PIB per capita (valor da riqueza gerada no país dividido pelos habitantes). Os resultados apontaram que, no período observado (dados de 2007 até 2014), cada 10% de aumento na diferença salarial, que teve relação com o preconceito de gênero, reduziu em cerca de 1,5% o crescimento do PIB per capita dos municípios brasileiros.


O estudo revelou ainda um ranking das capitais de acordo com o impacto do gênero do trabalhador sobre a remuneração. Com dados de 2007, Curitiba, Manaus e São Paulo possuíam as parcelas mais altas dessa diferença de remuneração entre homens e mulheres explicada por discriminação.


Apesar de avanços registrados, a diferença salarial por sexo persiste desde o início da vida profissional e se amplia à medida que as pessoas envelhecem. Nesta data simbólica, a Câmara Municipal, além de parabenizar todas as mulheres, reafirma o compromisso de estudar e desenvolver políticas públicas voltadas a combater não apenas o preconceito, mas também outros impactos negativos provocados por essa desigualdade.